Explicação da eternidade

“devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.”

José Luís Peixoto in “A casa, A escuridão”

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48 thoughts on “Explicação da eternidade

    • Claro, sem dúvida, a questão é que algumas coisas que começam (e irão ter fim) parecem infinitas enquanto duram, haja ilusão mais doce do que julgar que algo que começou poderá ser infinito. 😀
      Beijocas*

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    • Vale muito a pena ler, não sei que género de leitura preferes, mas ele lançou um livro sobre a Coreia do Norte (que ele visitou) muito interessante (Dentro do Segredo). Os livros de poesia são de uma sensibilidade fora do normal. E o livro que mais gostei de ler dele foi “Morreste-me” (fala sobre a morte do pai e é muito doloroso de ler).
      Beijocas*

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    • Sim, “Uma casa na escuridão” é um romance lindo pelo dramático que é, foi o primeiro livro que consegui ler até ao fim. Este livro de poesias é igualmente excelente. Peixoto tem uma sensibilidade fora do normal.
      É um dos meus escritores contemporâneos favoritos. 😀
      Que bom que gostaste, João
      Beijocas*

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      • Por várias razões, o “Morreste-me” ia dando cabo de mim quando o li. É outra grande obra dele. “Dentro do Segredo” foi uma ideia de génio onde uma viagem a um país de que pouco ou nada sabemos se torna numa aventura literária brutal. Também gostei muito!

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      • “Morreste-me” é verdadeiramente intenso. E difícil de digerir.
        Sim, é bem interessante ter essa perspectiva de quem visitou sobre a Coreia do Norte, realmente sabemos tão pouco…
        “Antídoto” ao som das músicas dos Moonspell também é uma leitura muito interessante, btw.

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  1. As mudanças na vida e no tempo
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    O Lavoisier disse-o um dia , “Nada se perde tudo se transforma” , Com os eletrões em movimento , Algo muda a todo o momento, Depois do trabalho vem a reforma , A gota da chuva é fugidia , As aves ao vento voam e planam , Nas pontes passam águas correntes , Peixes nadam em rumos ascendentes , A caminho do local da desova , A namorada tem “encantamento” , Os noivos celebram o casamento , Alguns acertam outros se enganam , Na Primavera tudo se renova .

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  2. O medo de perder o que nos faz feliz é a origem da nossa crença na eternidade. Amei os textos e amei o blog! Vou acompanhar 🙂
    E aproveito para convidá-la a conhecer meu novo blog: https://oblogdabah.wordpress.com/
    Tem resenhas e críticas de um jeito que você nunca viu 😉 Dá uma passadinha lá e, se gostar, siga aqui e nas redes sociais que farei o mesmo. Beijinhos!

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      • Tudo tem um fim, tal e qual, mas a beleza é acreditar que não há fim, embora se tenha a certeza que irá haver. É bom aproveitar as coisas dessa forma, porque se vivermos a pensar que ‘amanhã vou sair de casa dos meus pais’ ‘amanhã os meus filhos vão sair de casa, podem optar por ir viver para o outro lado do mundo’. Se vivermos com isto na cabeça, não vivemos 🙂

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    • Claro, sem dúvida, mas podemos viver a acreditar em certas eternidades, como por exemplo, que uma relação será feliz até ao final das nossas vidas, é uma forma particular de ver a eternidade (como sendo o período de tempo que estamos na terra). Ou podemos viver as coisas de tal forma que pareceram eternas enquanto aconteceram e vão continuar a sê-lo na nossa memória.

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  3. Quanta verdade.
    E tudo se transforma nesse tempo que passa e voa, deixando para trás as alegrias, as frustrações,… O elo entre a criança e o velho. Restam-nos os atos até porque, acredito, todos temos uma missão.
    Vou roubar-te esta transcrição para o meu Sapinho já que a inspiração é pouca mas não deixo de reclamar com a estranha política de destaques que seguem: algo sexista, de grupinhos (devo escrever “elitista”?),… Até já tive direito a um post, lavrado sem que soubesse, por uma senhora, sem citar o meu nome, a atacar-me. É tão bom ser Eu 😉 Bjs

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    • É mesmo esse o encanto da vida, essa eternidade que vivemos que tem um fim ou vários.
      Eu acredito, sem dúvida, que nos restam os actos, porque se estamos aqui que seja para aproveitar a nossa estadia e se tivermos a oportunidade de melhorar a estadia dos que nos rodeiam, tanto melhor.
      Força nisso 🙂
      Se te criticou é um óptimo sinal, deu-te importância. 😀

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